sábado, 19 de março de 2011

Tem coisas com as quais não me acostumo

Muito tempo sem escrever... Talvez, uma tentativa de fuga de mim mesma. Estou ainda em um período de auto conhecimento, recuperação da auto estima, entendimento, e, principalmente, de cura. Ainda não consigo pensar no que aconteceu. Tenho consciência de tudo, mas me recuso a falar, lembrar, ou trabalhar isso verdadeiramente dentro de mim.

Eu sei o que passei e o quanto doeu. E não falar foi a maneira que encontrei para fugir da dor.
Descobri que possuo uma nobre capacidade de perdoar quem me machucou. Sempre soube que eu não era de guardar mágoas, mas desconhecia esse lado do qual hoje me orgulho, pois considero uma grande evolução espiritual.

O tempo está passando muito rapidamente, e lá se vão mais de 17 meses. Hoje, já não sofro por pensar que poderia ter dado certo. Tenho plena convicção de que meu casamento já começou errado e jamais poderia ter tido um final feliz. Tenho, inclusive, uma leve desconfiança de que aquele amor que eu julgava ser o maior do mundo foi inventado por mim mesma, na tentativa de me fazer feliz.

A separação não é fácil, especialmente para mim, uma mulher de trinta e poucos anos (tenho hoje 33 para ser mais específica) que talvez sonhava em casar, mas que um belo dia fez do casamento o seu maior sonho. Sou filha de pais que enamorados, que se amam verdadeiramente e que estão nesse momento em lua de mel, comemorando 40 anos de casados. Sou fruto de uma família nordestina, machista até a alma. Cresci - pasmem! - escutando que a mulher fácil, o homem chupa e joga o bagaço fora.

Não nego que muitas vezes disse ao meu ex marido que o meu maior desejo era nunca mais ser de homem nenhum. Nossa! E eu acreditava naquilo... E o pior, ainda acredito. Mas, como eu disse anteriormente, ainda estou em um momento de cura.

Hoje, me conforta saber que apesar de eu ainda não estar curada, as feridas - literalmente - já não estão mais abertas. Me sinto capaz de seguir em frente e de cicatrizá-las e, apesar de todo o preconceito que tenho de mim mesma, acredito que sou uma grande mulher e que, um dia, isso será valorizado.

A minha maior questão atualmente não é com meu ex - ou com os meus ex, no plural - a minha questão é comigo mesma. Fui muito permissiva com o destino e disso ainda não me perdoei. Dizem que Deus ri daqueles que fazem plano, mas acredito que ele deve ter chorado muito ao me ver trilhar e planejar caminhos tão errados.  Sou dona do meu nariz, estou aqui, apta a seguir em frente.

Mas aqui ao meu lado tem duas lindas almas, duas crianças maravilhosas que sentem na pele o peso das minhas escolhas. Eu tinha o direito de errar, mas não sei se tinha o direito de dar pra elas pais tão ausentes e egoístas, que só se preocupam com eles mesmos. Não sei se eu tinha o direito de depois de ter visto minha filha mais velha passar por tanta coisa, errar novamente. Hoje, minha caçula foi dormir chorando chamando pelo pai que talvez tenha se apaixonada e por isso não dá notícias há dias. No céu, estava a maior e mais linda lua dos últimos 18 anos, mas eu estava aqui, em terra firme, com um nó na garganta e o coração apertado e um desejo infinito de poder começar de novo e dar um novo fim para a minha história.

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